Divergente (Veronica Roth) #1

sexta-feira, 28 de agosto de 2015


Divergente é mais uma distopia da moda que vem levando pré-adolescentes à loucura. Mas, se quer ver críticas inteligentes ao governo e estas coisas que procuramos em livros distópicos, eu não recomendaria a você Divergente.

Bom, mas vamos destrinchar o livro para que você tire suas próprias conclusões. A história se passa no futuro, onde depois de uma terrível guerra, os seres humanos remanescentes, constroem uma cerca sobre a atual cidade de Chicago, e decidem constituir uma nova sociedade dividindo-a em cinco grupos, chamados de facções: Erudição, responsável pelo conhecimento e tecnologia; Audácia, responsável pela segurança; Franqueza, incumbida de promover a verdade; Abnegação, responsável pelo altruísmo e por governar; e a Amizade, incumbida de fornecer alimentos.

É por causa dessa divisão, que conhecemos Beatrice, uma integrante da Abnegação por nascença, mas que passará por um teste de personalidade para ajudá-la a decidir se ficará na Abnegação, ou se tem condições de se mudar de facção. Apesar de Beatrice acreditar que não pertença 100% a Abnegação, trocar de facção significa abandonar sua família.

Ao fazer o teste de aptidão e receber um resultado inconclusivo, que não a ajuda a escolher sua facção, Beatrice segue seu coração, e muda para a Audácia, deixando tudo e todos que conhecia para trás.

Então, veremos o treinamento de Tris, já que ela supostamente trabalhará na segurança; as picuinhas entre os calouros da Audácia; os romancinhos; até que a coisa fica séria: os conflitos entre as facções se agravam e rumores de guerra começam a se espalhar.  E a partir daqui, seria spoiler se eu falasse.

A história se desenvolve sem muito drama, não tem triângulos amorosos (amém), porém, trata-se de um livro de puro entretenimento, não há assuntos importantes sendo abordados, e o livro não levanta nenhuma discussão sobre nenhum tema polêmico. Os diálogos são bem bobinhos, assim como várias das ações das personagens. A narrativa é permeada de ação e mortes. As personagens são ok: a protagonista, Tris, não é insuportável; os amigos que ela faz são legais, o boy magia, Quatro, é maravilho e a vilã, Jeanine, convence.

Enfim, o livro é bom como um todo, já como distopia, nem tanto. Não vá com altas expectativas.

*Apesar de alguns dos meus amigos que leram o livro terem reclamado do filme, eu gostei bastante, só final que foi meio tosco.

TAG Divertida Mente

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

1. Alegria: O livro que mais te traz felicidade:

Foi difícil escolher pois geralmente gosto dos livros tristes, mas acho que 'Aprendendo a seduzir' - Patricia Cabot, foi um livro que me trouxe muita felicidade e proporcionou boas risadas.

2. Nojinho: O livro mais nojento que você já leu:

'Ensaio sobre a cegueira' - José Saramago, pois o cenário vai ficando bem nojento quando todo mundo fica cego, mendigo, não se limpa, não tem coleta de lixo, e tal. 

3. Medo: O livro que mais te assustou:

‘Vidas secas’ – Graciliano Ramos, não pelo fator terror, mas assusta pelo fator realidade, pobreza e desgraça.

4. Tristeza: O livro que mais te fez chorar:

‘O caçador de pipas’ - khaled Hosseini, e foi de soluçar!

5. Raiva: O livro que te deixou irritado:

Na verdade a série toda de House of Night me deixou irritada: são muitos livros, o enredo é bem ruinzinho, tem personagens insuportáveis (inclusive a protagonista): enfim tem que ter muita paciência para ler!


Capitães da Areia (Jorge Amado)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015


Não li muitos livros brasileiros, principalmente os clássicos, mas dentre os que li o que mais gostei até hoje, foi Capitães da Areia, de Jorge Amado.

A história é sobre um grupo de moleques marginalizados que precisam cometer ações para sua própria sobrevivência. Há vários personagens, como Pedro Bala, Sem Pernas, Volta Seca, o Professor, Dora entre outros.

Esses garotos cometem pequenas infrações tentando obter algum conforto e estabilidade a suas vidas. E há duas visões diferentes em relação aos garotos: eles contam com ajuda de alguns (o padre, por exemplo), e o julgamento de outros (o diretor do reformatório e o jornal, por exemplo).

É interessante como o livro continua tão atual. Com essa discussão que se teve sobre a Maioridade Penal, quem já leu Capitães acredito que tem outra visão em relação a essas crianças do mundo do crime. É trabalhado no livro, o fato de que muitas crianças cometem esses atos não porque querem, mas porque não possuem oportunidades e são condicionadas pelo sistema a fazer o que fazem.
É uma triste realidade.

A narrativa é bem leve (se comparado a outros livros de vestibular), o enredo bem legal e jovial. A linguagem é informal e os personagens são carismáticos: é fácil se identificar, sentir pena e torcer por eles.


Mesmo para quem não vai fazer vestibular, indico esse livro, é bem gostosinho de ler, e brasileiro!


Misto Quente (Charles Bukowsky)

terça-feira, 4 de agosto de 2015


“Qualquer outra coisa, qualquer outra coisa que me fizesse parar de afundar nessa existência tediosa, trivial e covarde”.

Livro maravilhoso de Charles Bukowsky, Misto Quente é meio que uma autobiografia da infância do autor.  Entretanto, no livro, Bukowsky faz uso de seu alter ego, Henry Chinaski, e conta para nós a história, que se passa por volta dos anos 1920 até mais ou menos 1940. Durante a leitura, achei muito engraçado como os EUA nos anos 30 parecia tanto com o Brasil nos anos 80.

O enredo é narrado com crueza e sem pudor. É a pura realidade de Bukowsky, e é muito legal como o autor não se oprime e não deixa nenhum fato ou sentimento vergonhoso de lado: tem ele apanhando do pai; um colega batendo uma para o cachorro; ele desistindo de transar com uma mulher mesmo ela estando nua, na frente dele; ele dando vários PTs depois das bebedeiras; apanhando em brigas; enfim, a juventude de Henry Chinaski foi bem conturbada.

O enredo passa por várias temáticas como sexo, depressão, adolescência, brigas, família, amigos, isolamento, aquela sensação de não se encaixar, a pobreza, a desigualdade, enfim, o que mais tem nesse livro é Henry reclamando do cabaço, dos pais, da sociedade, da escola e claro, muitas BRIGAS. Gente, a cada dois capítulos tem porrada. Como esse povo brigava!



O livro tem várias passagens excelentes, como a do título dessa resenha, é muito filosófico, pessimista e como já disse antes, real. Peguei alguns trechos para vocês:

1- “O problema era que você tinha que continuar escolhendo entre o ruim e o pior, e não importa a escolha eles arrancariam mais um pedacinho de você, até não restar mais nada. Aos 25 anos a maioria estava acabada. Toda uma maldita nação de bunda-moles dirigindo automóveis, comendo, tendo bebês, fazendo tudo da pior forma possível, como votar em candidatos à presidência que os lembrassem de si mesmos.

Eu não tinha interesses. Não tinha interesse em nada. Não tinha ideia de como iria escapar. Pelo menos, os outros, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo que eu não entendia. Talvez eu estivesse por fora. Era possível. Eu frequentemente me sentia inferior. Só queria ir para longe deles. Mas não havia nenhum lugar para ir. Suicídio? Jesus Cristo, apenas mais trabalho ainda. Sentia vontade de dormir uns cinco anos seguidos, mas eles não me deixariam.”

2-“Reunidos em volta de mim estavam os fracos ou invés dos fortes, os feios ao invés dos bonitos, os perdedores ao invés dos ganhadores. Parecia ser meu destino viajar naquelas companhias por toda a vida. Isso não me aborrecia tanto quanto o fato de que eu parecia irresistível para esses companheiros idiotas e estúpidos. Eu era como um lixo que atraía moscas em vez de uma flor desejada por borboletas e abelhas.”.

3-“Eu podia ver o meu futuro bem na frente. Era pobre e continuaria sendo pobre. Mas não era particularmente dinheiro que eu queria. Eu não sabia o que eu queria. Sim, sabia. Queria um lugar para me esconder, algum lugar onde uma pessoa não tivesse que fazer nada. O pensamento de me tornar alguma coisa, não apenas me apavorava, mas me deixava enojado. O pensamento de me tornar advogado, um membro do conselho ou um engenheiro, qualquer coisa assim, parecia impossível para mim. Casar, ter filhos, ficar enroscado na estrutura familiar. Ter que ir para algum lugar todos os dias trabalhar e voltar. Era impossível. Fazer coisas, coisas simples, tomar parte em piqueniques familiares, Natal, 4 de Julho, o Dia do Trabalho, o Dia das Mães... será que um homem nasce apenas para suportar essas coisas todas e depois morre?”.

4- “E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo inútil e atordoado o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto da minha vida, pensava. Deus, eles todos tinhas cus, e órgãos sexuais e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distância, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora”.


Bom, para finalizar, posso dizer que amei o livro, ele é curto, bem rápido de ler, a narrativa é super gostosa, o enredo é bem legal e muito atual, e principalmente para você, jovem revoltado, leia Misto Quente, e você verá que não está sozinho nessa ;)
 
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