Bom, a história começa com três amigos de onze anos: Sean, o mais abastado dos três, é uma criança normal, que pensa no futuro e não se arrisca muito; Jimmy, o mais pirralho dos três, é encrenqueiro e vive deixando os pais de cabelos em pé; e Dave, mirrado e baba ovo, só procura se encaixar, sendo muitas vezes menosprezado pelos demais.
Eles moram em ruas vizinhas, e quando os pais permitem, costumam sair e brincar. Os pais de Sean têm um certo receio das amizades do filho, já que Jimmy tem uma reputação nada agradável. Porém, tudo se agrava quando um dos meninos é sequestrado.
A temática do livro é bem interessante, pois tem a investigação de um crime, ao mesmo tempo que somos inseridos nas vidas das famílias dos três ex-amigos, cada uma delas com suas particularidades, anseios e angústias. Até ouso dizer que o livro é sobre a angústia: a angústia de perder um ente querido, de tomar decisões, de lidar com as pessoas, de envelhecer e ver que a vida não tomou os rumos que planejávamos, de nos percebermos inseridos nos clichês da meia idade, enfim, de viver nesse mundo louco.
O livro é muito tenso. E triste. Muito triste. Também é denso, levei bastante tempo para lê-lo, mas é excelente, por isso, insista na leitura. A narrativa tem uma dinâmica muito prazerosa, pois intercala a visão da família da vítima, do suspeito e dos policiais sobre a mesma situação. É um livro que dá um nó no cérebro, pois as coisas não se encaixam. Mas no final tudo é explicado, nada deixado em aberto.
Super recomendo.
Trechinhos:
1 - ‘Ele se perguntava se era aquilo que se sentia em caso de depressão, um entorpecimento total, uma exaustão que vinha da falta de esperança. ’
2 - ‘Estava cansado de querer que as coisas fizessem sentido. Estava cansado da política de gabinete e de querer saber quem estava fodendo quem, tanto em sentido figurado como literal. Ele chegara a um ponto em que tinha a impressão de que já ouvira tudo o que qualquer um tinha a dizer sobre qualquer assunto, de forma que lhe parecia estar ouvindo velhas gravações de coisas que já da primeira vez não lhe tinham parecido novas.
Talvez ele estivesse simplesmente cansado da vida, do extraordinário esforço que lhe custava acordar cada manhã e enfrentar a mesma merda de dia, com pequenas variações no tempo e na comida. Cansado demais para se preocupar com uma moça morta, porque haveria outra depois dela. ’
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