Garota Exemplar (Gillian Flynn)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


A resenha de hoje tratará do livro Garota Exemplar (Gillian Flynn). Publicado em 2012, o livro se tornou famosíssimo no Brasil após o filme, de mesmo nome, estrelado por Ben Affleck e Rosamund Pike.

O enredo é sobre uma mulher que desaparece suspeitosamente em seu quinto aniversário de casamento, justo uma noite depois de ter brigado feio com o marido. Quando uma investigação policial começa, não há muitos suspeitos, a não ser o próprio Lance Nicholas Dunne, cônjuge de Amy Elliott Dunne.

É muito legal a narrativa, pois temos a esposa, Amy, descrevendo o começo da relação por meio de um diário, e todo o fascínio inicial, e também o esposo, Nick, narrando no presente sobre uma relação terrível e instável. Isso faz com que a cada hora estejamos do lado de um.

Mesmo com uma esposa tão amável nos relatos do diário, porque Nick parece tão aborrecido? O marido está ou não envolvido em seu desaparecimento?

O livro é bem legal, porém comprido, e quando houve uma importantíssima revelação no meio do livro, fiquei preocupada: o que mais aconteceria nessa história? Ficaria enrolando até o final? Mas posso dizer que fui surpreendida. Quando achei que a história estava ficando sem sentido, Gillian veio, deu razões, e me convenceu. O final é o mais legal, já que você espera tudo, menos o que acontece.


Selecionei uns trechinhos bem legais, nada de spoiler, só para quem se interessar ter um gostinho de algumas reflexões bem interessantes, que recheiam a narrativa.

“Nenhuma relação é perfeita, dizem eles, que se contentam com sexo protocolar e com os rituais flatulentos da cama, que aceitam TV como conversa, que acreditam que capitulação marital — sim, querida, claro, querida — é o mesmo que chegar a um acordo. ‘Ele está fazendo o que você manda porque não se importa o bastante para discutir’, eu penso. ‘Suas exigências medíocres simplesmente fazem com que ele se sinta superior, ou ressentido, e um dia ele vai trepar com uma bela e jovem colega de trabalho que não lhe pede nada, e você ainda vai ficar chocada’.”

*trecho do diário de Amy

“Eu literalmente já vi tudo, e o pior, o que faz com que eu queira explodir meus miolos: a experiência de segunda mão é sempre melhor. A imagem é mais nítida, a visão é mais intensa, o ângulo da câmera e a trilha sonora manipulam minhas emoções de uma forma que a realidade já não consegue fazer. Não sei se a essa altura somos realmente humanos, aqueles de nós que são como a maioria de nós, que cresceram com TV, filmes e agora internet. Quando somos traídos, sabemos quais palavras dizer; quando um ente querido morre, sabemos quais palavras dizer. Quando queremos bancar o fodão, o espertinho ou o idiota, sabemos quais palavras dizer. Todos trabalhamos a partir do mesmo roteiro gasto.
É uma época muito difícil para ser uma pessoa, apenas uma pessoa real, de verdade, em vez de uma coleção de traços de personalidade escolhidos de uma interminável máquina automática de personagens.”

“Para Amy, o amor era como drogas, álcool ou pornografia: não havia limite. Cada exposição precisava ser mais intensa que a última para alcançar o mesmo resultado.”

*trechos da narrativa de Nick

Enfim, é um livro que poderia ser mais sucinto; entretanto, é de alta qualidade, com um enredo cheio de reviravoltas e fazendo-me apreciar muito a leitura.


(MOMENTO DESABAFO) SPOILER

Queria dizer que, para mim estava tudo ótimo na história. Até Amy não estar mais narrando por meio do diário, e sim, sendo ela mesma.

Há partes da história difíceis de engolir: Amy pega Nick a traindo no primeiro dia, tipo, não poderia desconfiar após alguns meses do caso? Ou outro absurdo, Amy marcar todos os artigos comprados por ela com as digitais de Nick enquanto ele dorme. What?

 Há também algumas coisas sem sentido: a Amy do diário não queria terminar com Nick, ela o amava incondicionalmente, o respeitava e queria fazer dar certo. Mas a Amy real? Aturaria ir para uma cidadezinha por quê? Ainda em NY, o casamento deles já está desfalecendo, e considerando a Amy real, ela já teria metido um pé na bunda de Nick a tempos. Acredito que se Amy fosse realmente a esposa boazinha, que surta e resolve se vingar do marido, seria mais surpreendente do que uma mulher já surtada, que enganara o cara para fazê-lo casar com ela, querer se vingar de uma traição.

Mas enfim, quem explica uma pessoa louca? E esses pensamentos foram antes de descobrir que Amy vinha montando planos diabólicos para quem a decepcionava/incomodava há anos. Acabei convencida dos motivos de Amy e gostando bastante do livro.

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