O Colecionador (John Fowles)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


O Colecionador (John Fowles) me conquistou. Foi o primeiro livro que li em 2015, e foi uma ótima escolha para começar o ano.

Frederick Clegg é um rapaz modesto e discreto, trabalha no Anexo da Câmera Municipal e nutre um amor platônico por Miranda. Órfão, criado pelos tios e mal compreendido, um belo dia ganha uma enorme soma de dinheiro em uma aposta de futebol.

Sendo uma pessoa sem amigos e seus únicos interesses constituindo-se em sua coleção de borboletas, e a bela Miranda, decide pegar seu dinheiro, comprar uma casa afastada da cidade, e raptar a moça pela qual nutre um amor obsessivo, para tentar fazer com que ela o conheça e se apaixone, durante sua ‘estadia’ em sua casa, já que no mundo real, Miranda nunca prestaria atenção no pobre e desajeitado Clegg.

Apesar da ideia de manter alguém aprisionado seja perturbadora, John Fowles a transforma em uma situação cômica, de certa forma. O fato é que o narrador tem consciência de seu crime, mas justifica dizendo que qualquer um que tivesse dinheiro e poder, faria o mesmo, ou seja, faria o que fosse necessário para ter o que se quer. O único infortúnio era ele quer Miranda, um ser humano também recheado de sonhos e desejos.

As personagens são muito boas e a escrita é bem gostosa. O livro é primeiro sob o ponto de vista de Clegg, que é um narrador muito interessante, e depois pelo de Miranda, através de pequenos relatos de um diário. Muito conveniente essa divisão, pois temos o lado de cada um: primeiramente, quando Clegg narra, fiquei chocada, mas condescendida e por alguns momentos até senti pena dele, e quis que as coisas melhorassem para o coitadinho; mas aí vêm os relatos de Miranda, dizendo como sofre por estar trancada, desperdiçando sua vida, querendo estar com pessoas queridas... Então ao ler, tive sentimentos bem antagônicos e achei o livro incrível por isso.

Eu gostei demais do livro. É bem diferente de outras coisas que eu já li, persuasivo e crítico. Vale muito a pena, recomendo.



 (MOMENTO DESABAFO) SPOILER

A ideia de Frederick Clegg não é nada promissora, claro. Quem na vida real se apaixonaria por um raptor? E aqui não se trata de um bad boy lindo maravilhoso, e sim de um loser, para piorar a situação do coitadinho.

Teve muitos momentos em que fiquei com pena dele. Mas ao mesmo tempo não há como julgar as ações de Miranda, ou condená-la, pois o condenável é ele, Clegg. E é muito hilário quando ele fica pasmo nos momentos em que Miranda tenta fugir, ou tirar vantagem dele. 

O final então, não sei vocês, mas acabei com um sorrisinho e pensando: ‘Ah não! De novo não!’.

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