O Colecionador (John Fowles) me conquistou. Foi o primeiro
livro que li em 2015, e foi uma ótima escolha para começar o ano.
Frederick Clegg é um rapaz modesto e discreto, trabalha no
Anexo da Câmera Municipal e nutre um amor platônico por Miranda. Órfão, criado
pelos tios e mal compreendido, um belo dia ganha uma enorme soma de dinheiro em
uma aposta de futebol.
Sendo uma pessoa sem amigos e seus únicos interesses constituindo-se em sua coleção de borboletas, e a bela Miranda, decide pegar seu dinheiro,
comprar uma casa afastada da cidade, e raptar a moça pela qual nutre um amor
obsessivo, para tentar fazer com que ela o conheça e se apaixone, durante sua
‘estadia’ em sua casa, já que no mundo real, Miranda nunca prestaria atenção no
pobre e desajeitado Clegg.
Apesar da ideia de manter alguém aprisionado seja
perturbadora, John Fowles a transforma em uma situação cômica, de certa forma.
O fato é que o narrador tem consciência de seu crime, mas justifica dizendo que
qualquer um que tivesse dinheiro e poder, faria o mesmo, ou seja, faria o que fosse
necessário para ter o que se quer. O único infortúnio era ele quer Miranda, um
ser humano também recheado de sonhos e desejos.
As personagens são muito boas e a escrita é bem gostosa. O
livro é primeiro sob o ponto de vista de Clegg, que é um narrador muito
interessante, e depois pelo de Miranda, através de pequenos relatos de um
diário. Muito conveniente essa divisão, pois temos o lado de cada um:
primeiramente, quando Clegg narra, fiquei chocada, mas condescendida e por
alguns momentos até senti pena dele, e quis que as coisas melhorassem para o
coitadinho; mas aí vêm os relatos de Miranda, dizendo como sofre por estar
trancada, desperdiçando sua vida, querendo estar com pessoas queridas... Então
ao ler, tive sentimentos bem antagônicos e achei o livro incrível por isso.
Eu gostei demais do livro. É bem diferente de outras coisas
que eu já li, persuasivo e crítico. Vale muito a pena, recomendo.
(MOMENTO DESABAFO)
SPOILER
A ideia de Frederick Clegg não é nada promissora, claro.
Quem na vida real se apaixonaria por um raptor? E aqui não se trata de um bad
boy lindo maravilhoso, e sim de um loser, para piorar a situação do coitadinho.
Teve muitos momentos em que fiquei com pena dele. Mas ao
mesmo tempo não há como julgar as ações de Miranda, ou condená-la, pois o
condenável é ele, Clegg. E é muito hilário quando ele fica pasmo nos momentos
em que Miranda tenta fugir, ou tirar vantagem dele.
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